Desconheço se esta letra foi gravada.
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível.
Tudo parecia tão firme
No amor que nos unia
Que até gostava de rir-me
Se alguém vinha garantir-me
Que o tempo o destruiria
E dizia aos meus botões
Numa conversa contida
Não se destroem as paixões
Quando elas são as razões
Da razão da própria vida
Eu via o olhar sem fundo
Dos olhos com que ela olhava
Onde ardiam por segundo
Todos os sonhos dum mundo
Que a fantasia criava
Via a noite, fria e escura
Com tanta sede de luz
Como a boca que procura
Num beijo toda a ternura
Com que o amor nos seduz
Via tudo; só não via
Como o tempo é um cobarde
Que um dia que decorria
No nosso amor era um dia
Que se fazia mais tarde
Já não sou meu, nem és tua
Eu não sou teu e depois
Somos sobra que flutua
Duma saudade que actua
Na vida de nós os dois
Tudo ruiu afinal
Nada no mundo é eterno
Todo o bem acaba em mal
As rosas dum roseiral
Morrem de frio no Inverno
Até a rocha mais firme da montanha
Cai do alto até ao fundo
O tempo tem tanta manha
E uma força tamanha
Que é só ele o rei do mundo