Repertório de Raúl Pereira
Aquele melro negro e zombeteiro
Que à beira do regato fez o ninho
Andou a assobiar o dia inteiro
A querer desafiar um pastorinho
Tão bem soube imitar suas baladas
Do alto das ameias dos silvados
Que as pobres ovelhinhas enganadas
Perderam-se nas sombras dos valados
Assim, foi descambando a tarde fria
E o Sol guardou no mar seu rubro disco
Nenhuma das ovelhas conhecia
Qual era o bom caminho do aprisco
Quando a noite desceu e o luar brando
Pedia aos rouxinóis canções de amor
Ainda o melro andava assobiando
A rir, das ovelhinhas do pastor
Agora, este conceito guardo apenas
Da história que me serve a mim também
Ninguém deve fiar-se em cantilenas
Há melros que assobiam muito bem