Da cigarra e da formiga
Mudou de forma invulgar
Hoje a formiga é criada
De uma cigarra emproada
Com manias de cantar
Enquanto uma se atrofia
Na lida do dia a dia / Entregue a labor insano
Faz a outra recitais
E num dia junta mais / Do que a primeira num ano
Essa lenda em que a cigarra
Tinha a mania bizarra / De só de inverno esmolar
Já lá vai, já se acabou
E como tudo mudou / Nem disso se quer lembrar
A formiga é caprichosa
Mas a cigarra orgulhosa / De uma vida de cantigas
Finge até não dar por nada
Só p’ra não ter a maçada / De sacudir as formigas