Repertório
de Manuel Fernandes
Sempre
que a vejo passar
Tão
velhinha e mal vestida
A
vender o Borda d'água
Pelas
ruas da amargura;
Sozinho
fica a pensar
Se
todos temos na vida
Que
pagar com dor e mágoa
Os
momentos de ventura
Ninguém diria
Ao vê-la assim pobrezinha
Que viveu como rainha
Em tempos que já lá vão
Ninguém diria
Que aquelas mãos enrugadas
Um dia foram beijadas
Com amor e devoção
Já
foi bela como aquela
Que
passa agora a seu lado
A
rir, com ar descarado
Sem
reparar, por desgraça;
Que
a vida passa com ela
E
se não toma cuidado
Vai
cumprir o mesmo fado
Dessa
velhinha que passa