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As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os legítimos criadores dos temas aqui apresentados.
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Conta errada

Jorge Rosa / Alberto Simões Lopes *fado dois tons*
Repertório de Mariana Silva

Contei que tu aparecesses
E nas contas que deitei
Contando que tu viesses
Com teus carinhos contei

Contei as horas daquela 
Ânsia louca de te ver
E fui contar prá janela 
Contando ver-te aparecer

Contei as estrelas do céu 
Contei as pedras da rua
E mil sombras contei eu 
Sem contar a sombra tua

Contei-as de ponta a ponta 
As contas do meu colar
E a contar não dei por conta 
De ver a manhã chegar

Sempre contei que tu desses 
Conta, da falta que achei
Pois que tu não aparecesses
Confesso que não contei

Dois mistérios rodeiam esta letra:
Primeiro, o texto acima transcrito é o que consta do registo de obra 
na Sociedade Portuguesa de Autores.
Porém, Amália Rodrigues e todas as fadistas que interpretam este fado 
não cantam a primeira estrofe tal como está registada, mas desta forma:

Aprendi a fazer contas 
Na escola, de tenra idade.
Foi mais tarde, ainda às tontas, 
Que fiz contas com alguém.
Eu e tu, naquela ermida 
Somámos felicidade

Mas um dia fui seguida
Que traições que tem a vida
Que horas más que a vida tem
Tinha um homem, fui tentada
Somei-lhe outro, conta errada 
Fiz a prova, não fiz bem.

O segundo mistério é a declaração de registo conter ainda uma última estrofe 
à qual, pela estrutura, faltam os quatro versos iniciais, supondo-se a intenção 
de serem substituídos por um solo instrumental.
Contudo, os oito versos restantes seguem de muito perto o conteúdo dos últimos 
oito versos da estrofe hoje cantada como remate. 
Seria uma alternativa para escolha posterior do autor? 
Ou seria para a intérprete decidir qual a do seu maior agrado?
E quem terá modificado os versos que, hoje em dia, são cantados no início, 
não constando da declaração de registo de obra?