Eduardo Damas / Manuel Paião
Versão do repertório de Vera Mónica
Criação de Florbela Queiroz na revista *Põe-te na bicha*
Teatro ABC 1978
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Canção*
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Brinquei contigo no largo dos Trigueiros
Primeiros passos eu dei p'la tua mão
Corri à tarde p'lo Terreiro do Paço
Li na cartilha a primeira lição
João de Deus, o A, É, I, O, U
São Nicolau que era escola antiga
Em ti cresci e só em ti estou bem
Minha Lisboa, Lisboa velha amiga
Lisboa sim...
Lisboa velha amiga
Da Brasileira que havia no Rossio
E onde o Botto dizia p'rós amigos
Os belos versos
Lisboa velha amiga
Da Brasileira que havia no Rossio
E onde o Botto dizia p'rós amigos
Os belos versos
Que alguém jamais ouviu
Lisboa sim...
Lisboa velha amiga
Tu é que embalas meu sonho
Lisboa sim...
Lisboa velha amiga
Tu é que embalas meu sonho
Minha esperança
Tu és cidade, a eterna menina
Eu sou em ti, a eterna criança
Tu és cidade, a eterna menina
Eu sou em ti, a eterna criança
Eis uma evocação de Lisboa que o letrista pretendeu datar.
Na verdade, Eduardo Damas deve ter aprendido a ler pela Cartilha Maternal
de João de Deus e terá frequentado «A Brasileira» do Rossio, que fechou em 1966
sendo substituída por uma sucursal do Banco Nacional Ultramarino «A Brasileira» do Chiado ainda lá está).
É também provável que aí tenha ouvido António Botto dizer seus versos.
Independentemente disso, Florbela Queirós, apesar da sua juventude de então incarnava, em travesti
caracterizada com óculos e bengala, «o Velho Saudosista» recordando tempos antigos.
É uma bela letra, excelentemente casada com a música para ela feita, de um certo
estilo rememorativo de tempos e lugares míticos da capital
repetido noutras produções de outros autores, como uma receita de efeito garantido.