Desconheço se esta letra foi gravada.
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Tradicional*
Livro *Poetas Populares do Fado-Tradicional*
Apenas por meia hora
Há mais quem tenha desejos
Entra, paga e vai-te embora
Pretendes o meu amor
Que há tanto tempo já dei
Há tanto que até nem sei
Há tanto que até nem sei
A quem o dei com fervor
Não posso nem por favor
Não posso nem por favor
Entre náuseas e bocejos
Dar-te sequer os sobejos
Dar-te sequer os sobejos
Do meu amor verdadeiro
Mas, como quero dinheiro
Dou-te o meu corpo e os meus beijos
É tudo o que posso dar
Mas, como quero dinheiro
Dou-te o meu corpo e os meus beijos
É tudo o que posso dar
Do meu cadáver exangue
Destes restos do meu sangue
Destes restos do meu sangue
Que ando a mercadejar
Todo o que me quer comprar
Todo o que me quer comprar
E os meus préstimos implora
Tem logo ali sem demora
Tem logo ali sem demora
O que não nego a nenhum
Entrego-me a cada um
Apenas por meia hora
Achas pouco e eu, francamente
Entrego-me a cada um
Apenas por meia hora
Achas pouco e eu, francamente
Acho que é de mais, talvez
A quem se dá tanta vez
A quem se dá tanta vez
Sem se dar inteiramente
Para uma ilusão dormente
Para uma ilusão dormente
Em que não vibram harpejos
Nem há divinos lampejos
Nem há divinos lampejos
A meia hora é bastante
Serve-te e passa adiante
Há mais quem tenha desejos
Há mais quem queira o que queres
Serve-te e passa adiante
Há mais quem tenha desejos
Há mais quem queira o que queres
Há tanto freguês, há tanto
Que me compra o meu encanto
Que me compra o meu encanto
Como compra outras mulheres
Mas, enfim, se me preferes
Mas, enfim, se me preferes
Se me desejas agora
Eis a escrava que te explora
Eis a escrava que te explora
E não quer saber quem sejas
Se é o meu corpo que desejas
Entra, paga e vai-te embora
Se é o meu corpo que desejas
Entra, paga e vai-te embora