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As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os legítimos criadores dos temas aqui apresentados.
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O que eu te dou

Mote de Eduardo Silvestre do Amaral / Glosa de António Amargo
Desconheço se esta letra foi gravada.
Transcrevo-a na esperança de obter informação credivel
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Tradicional*

Dou-te o meu corpo e os meus beijos
Apenas por meia hora
Há mais quem tenha desejos
Entra, paga e vai-te embora


Pretendes o meu amor 
Que há tanto tempo já dei
Há tanto que até nem sei 
A quem o dei com fervor
Não posso nem por favor 
Entre náuseas e bocejos
Dar-te sequer os sobejos 
Do meu amor verdadeiro
Mas, como quero dinheiro
Dou-te o meu corpo e os meus beijos

É tudo o que posso dar 
Do meu cadáver exangue
Destes restos do meu sangue 
Que ando a mercadejar
Todo o que me quer comprar 
E os meus préstimos implora
Tem logo ali sem demora 
O que não nego a nenhum
Entrego-me a cada um
Apenas por meia hora

Achas pouco e eu, francamente 
Acho que é de mais, talvez
A quem se dá tanta vez 
Sem se dar inteiramente
Para uma ilusão dormente 
Em que não vibram harpejos
Nem há divinos lampejos 
A meia hora é bastante
Serve-te e passa adiante
Há mais quem tenha desejos

Há mais quem queira o que queres 
Há tanto freguês, há tanto
Que me compra o meu encanto 
Como compra outras mulheres
Mas, enfim, se me preferes 
Se me desejas agora
Eis a escrava que te explora 
E não quer saber quem sejas
Se é o meu corpo que desejas
Entra, paga e vai-te embora