Repertório de Hermínia Silva
Meu testamento
Sem intuito lisonjeiro
A meu jeito já está feito
Aos amigos verdadeiros
E a contento
Aos que forem contemplados
Dir-lhes-ei quais os legados
Vou deixar aos meus herdeiros
Ao bairro onde eu vivi, feita cigarra
Já que eu ali nasci, deixo a guitarra
E deixo a toda a gente pobrezinha
A amizade e a bondade
Da minha alma de alfacinha;
A Alfama deixo a voz e a alegria
E por fim, à Mouraria
Deixo o Fado da Tendinha
Meus pobres versos
Que a minh’alma sempre entoa
Vou deixá-los, vou legá-los
Aos retiros de Lisboa
Versos dispersos
Também lego aos meus ardinas
E o meu xaile é p'rás varinas
Do Bairro da Madragoa