Transcritas do livro *Poetas Populares do Fado-Tradicional*
de Daniel Gouveia e Francisco Mendes
Por mais pérolas que citem
Por mais pérolas que citem
Tu não julgues minha louca
Que hajam pérolas que imitem
Que hajam pérolas que imitem
As pérolas da tua boca
Não existem bailarinas
Não existem bailarinas
Nem nos confins da Europa
Que bailem como as meninas
Que bailem como as meninas
Desses teus olhos, cachopa
Tantas mentiras empregas
Tantas mentiras empregas
Sempre que falas comigo
Que às vezes até me negas
Que às vezes até me negas
As mentiras que eu te digo
Se entrasse no teu alcouce
Se entrasse no teu alcouce
Conforme pedes que eu entre
Ia trair quem te trouxe
Ia trair quem te trouxe
Nove meses no seu ventre
Se juras, malmequer branco
Se juras, malmequer branco
Que o meu amor bem me quer
Eu juro que não te arranco
Eu juro que não te arranco
Nem uma folha, sequer
Recordar com devoção
Recordar com devoção
Um pretérito bendito
É conter o infinito
É conter o infinito
No espaço dum coração
Numa vertigem tão forte
Numa vertigem tão forte
A vida vai tão depressa
Que à vezes perto da morte
Que à vezes perto da morte
É que a vida então começa
Santo António milagreiro
Santo António milagreiro
Pelo amor que te dedico
Enfeita-me o céu inteiro
Enfeita-me o céu inteiro
Com vasos de manjerico
Ao meu querido São João
Ao meu querido São João
Meu devotado patrono
Vou-lhe dar meu coração
Vou-lhe dar meu coração
Para lhe servir de trono
Meu amor, no bailarico
Meu amor, no bailarico
De saia verde, a bailar
Faz lembrar um manjerico
Faz lembrar um manjerico
Regado e posto ao luar