Repertório de Frutuoso França
É longo e triste o calvário
De quem com arte e preceito
Gasta a vida a trabalhar
Olha p'ráquele operário
Que tantas casas tem feito
E sem ter onde morar
E tantos no ano inteiro
Muitas vezes sem ter pão
Nem o calor de uma brasa
Repara nesse mineiro
Nem o calor de uma brasa
Repara nesse mineiro
Que enche o mundo de carvão
E mal tem carvão em casa
Esta sonha a paz fagueira
E mal tem carvão em casa
Esta sonha a paz fagueira
Numa vida calma e leda
Por ser pobre e ser bonita
Eis aqui a costureira
Por ser pobre e ser bonita
Eis aqui a costureira
Que faz vestidos de seda
E veste saia de chita
Ele há quem ande engatado
E veste saia de chita
Ele há quem ande engatado
Entre varais, feito lixo
Lamentando a sorte sua
Ele há tanto desgraçado
Lamentando a sorte sua
Ele há tanto desgraçado
A morder o pó do lixo
Que os outros lançam à rua
Neste contraste profundo
Que os outros lançam à rua
Neste contraste profundo
Que se vê a cada passo
Onde a crença anda perdida
É que as riquezas do mundo
Onde a crença anda perdida
É que as riquezas do mundo
Caminham de par e passo
Com as misérias da vida
Com as misérias da vida