Repertório de Raquel Tavares
Como asa de andorinha, ou como um negro manto
Nos meus ombros, discreta, a noite se debruça
Tão logo se adivinha a hora de ser canto
E a rima dum poeta na minha voz soluça
Por estranho que pareça, saio dentro de mim
E deixo exposta á lua, a nudez do meu fado
Para que o céu não esqueça, que já me viu assim
Despida, d'alma nua, sem sombra de pecado
Se a noite me procura com estrelas no sorriso
Se dentro em mim cravou o amor que me conquista
Deixai-me esta loucura que tanto me é preciso
Pois sem noite, não sou, nem, fado nem fadista