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As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os legítimos criadores dos temas aqui apresentados.
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Calçada de Carriche

Isidoro de Oliveira / Popular *fado mouraria*
Repertório de Teresa Siqueira

Carriche, a velha calçada
Tinha campo e liberdade
Era uma horta encantada
Mesmo às portas da cidade

Lisboa saía as portas 
Quando o calor apertava
E com prazer abancava 
Gozando o fresco das hortas
Só regressava horas mortas 
Depois da sardinha assada
Do peixe frito e salada 
E mesmo com muito vinho
Encontrava o seu caminho 
Carriche, a velha Calçada

Mal se falava em toirada 
Lá no Campo de Santana
Lisboa de traquitana 
Partia para a Calçada
A passo vinha a manada 
Bem conduzida, à vontade
Mas ganhava velocidade 
E então, se um toiro fugia
Começava a picardia 
Tinha campo e liberdade

Tudo era morto e fechado 
Na cidade adormecida
Lisboa buscando a vida 
Ia a Carriche ouvir fado
Num retiro improvisado 
Até alta madrugada
Cantava-se à desgarrada 
E a água nas regadeiras
Respondia às cantadeiras 
Era uma horta encantada

Se Lisboa fatigada 
Quer descansar de Lisboa
Percorre estradas à toa 
E regressa mais cansada
Lembrando a velha Calçada 
Com sua simplicidade
Decerto sente saudade 
Dos tempos que ali passava
De tudo o que ela lhe dava 
Mesmo às portas da cidade