*canção de lisboa*
Luís da Silva Gouveia / Raúl Ferrão / Raúl PortelaRepertório de Joaquim Pimentel
Quando o fado era cantado
Pelas tabernas de Alfama
Ninguém diria que o fado
Viesse a ter boa fama
Era a canção
Da bebedeira e do calão
Da rufiagem e Capelão
E dos fadistas de samarra
E mal diria
A Madragoa e a Mouraria
Que em Lisboa ainda haveria
Assim tal gosto p’la guitarra
Adeus tardes de toiradas
Com guitarras e cantigas
Adeus noites bem passadas
Com bom vinho e raparigas
Hoje os fadistas
São tratados como artistas
E aclamados nas revistas
Com ovações delirantes
Vestem do bom
E por ser chique ser do tom
Já vão á tarde ao Odeon
Se as matinés são elegantes
Hoje o fado já não tem
A rufiagem por tema
Poliu-se, já é alguém
E até já vai ao cinema
O fado agora
É pedido a toda
E ouvido p’lo mundo fora
Com alegria e agrado
E há-de chegar a Hollyood
E ter lugar, pois não se ilude
Quem pensar que há-de ser grande
O nosso fado