Florbela Espanca / José da Conceição Fernandes
Repertório de Elsa Laboreiro
A noite vem poisando devagar
Sobre a terra, que inunda de amargura
E nem sequer a benção do luar
A quis tornar divinamente pura
Ninguém vem atrás dela a acompanhar
A sua dor que é cheia de tortura
E eu oiço a noite imensa soluçar
E eu oiço soluçar a noite escura
Porque és assim tão escura, assim tão triste
É que, talvez, ó noite, em ti existe
Uma saudade igual à que eu contenho
Saudade que eu sei donde me vem...
Talvez de ti, ó noite... ou de ninguém
Que eu nunca sei quem sou, nem o que tenho