Ary
dos Santos / Tozé Brito
Repertório
de Carlos do Carmo
Serras,
veredas, atalhos
Fragas, estradas de vento
Onde se encontram retalhos
Onde se encontram retalhos
De vidas em sofrimento
Retalhos fundos nos rostos
Retalhos fundos nos rostos
Mãos duras e retalhadas
Pelo suor do desgosto
Pelo suor do desgosto
Retalha as caras fechadas
No caminho que seguiste
No caminho que seguiste
Entre gente pobre e rude
Muitas vezes tu abriste
Muitas vezes tu abriste
Uma rosa de saúde
Cada história é um retalho
Cortado no coração
De um homem que no trabalho
Reparte a vida e o pão;
As vidas que defendeste
E o pão que repartiste
São lágrimas que tu bebeste
Dos olhos de um povo triste
E depois de tanto mundo
Cada história é um retalho
Cortado no coração
De um homem que no trabalho
Reparte a vida e o pão;
As vidas que defendeste
E o pão que repartiste
São lágrimas que tu bebeste
Dos olhos de um povo triste
E depois de tanto mundo
Retalhado
de verdade
Também tu chegaste ao fundo
Da doença da cidade
Da que não vem na sebenta
Da que não vem na sebenta
Daquela que não se ensina
Da pobreza que afugenta
Da pobreza que afugenta
Os barões da medicina
Tu sabes quanto fizeste
Tu sabes quanto fizeste
A miséria não segura
Nem mesmo quando lhe déste
Nem mesmo quando lhe déste
A receita da ternura