Repertório de Cristina Branco
Tu és o meu calendário
És as minhas estações;
É inverno se entristeces
É domingo se apareces
E se te zangas, é claro;
Chega o tempo das menções
O tempo que não é tempo
O tempo que nunca foi
O tempo que enamorado
Se agiganta, está parado
Num tempo que nunca há
O tempo que em ti se inventa
Que se desdobra na manta
Onde ele próprio assenta
E que connosco se encanta
Num tempo que assim será
És o dia que amanhece
Num lençol de rosa-chã
És a tarde que demora
Que se estende noite fora
Regendo tudo o que está
O teu corpo marca as horas
Férias, pontes, tanto faz
No relógio dos meus braços
Entre pressas e demoras
O tempo anda p'ra trás