Repertório de João Braga
É tão bom que ser pequenino
Ter pai, ter mãe, ter avós
Ter esp'rança no destino
E ter quem goste de nós
A velhice traz revés
Mas depois da meninice
Há quem adore a velhice
Há quem adore a velhice
P’ra ser menino outra vez;
Ser menino, que altivez
Ser menino, que altivez
De otimismo e desatino
Ver tudo bom e divino
Ver tudo bom e divino
Tudo esperança, tudo fé;
Enquanto a vida assim é
É tão bom que ser pequenino
Ver tudo com alegria
Enquanto a vida assim é
É tão bom que ser pequenino
Ver tudo com alegria
Sem delongas, sem demora
Ver a vida numa hora
Ver a vida numa hora
Eternidade num dia:
Ter na mente a fantasia
Ter na mente a fantasia
Dum bem que ninguém supôs
Ter crença, sonhar a sós
Ter crença, sonhar a sós
Co'a grandeza deste mundo;
E para bem mais profundo
Ter pai, ter mãe, ter avós
Ter muito enlevo a sonhar
E para bem mais profundo
Ter pai, ter mãe, ter avós
Ter muito enlevo a sonhar
Acordar e ter carinho
Ter este mundo inteirinho
Ter este mundo inteirinho
No brilho do nosso olhar;
Viver alheio ao penar
Viver alheio ao penar
Deste orbe torpe e ferino
Julgar-se eterno menino
Julgar-se eterno menino
Supôr-se eterna criança;
E num destino sem esperança
Ter esp'rança no destino
Ó desventura, ó saudade
E num destino sem esperança
Ter esp'rança no destino
Ó desventura, ó saudade
Causas da minha inconstância
Dai-me pedaços de infância
Dai-me pedaços de infância
Retalhos de mocidade;
Dai-me a doce claridade
Dai-me a doce claridade
Roubando-me ao tempo atroz
Quero ter a minha voz
Quero ter a minha voz
P’ra cantar o meu passado;
É tão bom cantar o fado
E ter quem goste de nós
É tão bom cantar o fado
E ter quem goste de nós