Repertório de Tony de Matos
Gravado também com o título *Restos da Mouraria*
Eu nasci na Mouraria
Num prédio que resistia
Num prédio que resistia
Ao progresso que o venceu
Um dia, tanto gingou
Um dia, tanto gingou
Por fim, não se aguentou
E de saudades morreu
Pequeno prédio gingão
Donde via a procissão
Pequeno prédio gingão
Donde via a procissão
Espalhar fé, pelo caminho
E toda a gente sentia
E toda a gente sentia
Que as ruas da Mouraria
Cheiravam a rosmaninho
Naquela casinha morou a Severa
Naquela casinha morou a Severa
No tempo passado
E o alegrete, fidalgo que era
Vizinho do fado
Mas em cada esquina
Um resto de outrora a vida deixou
E na capelinha
E na capelinha
Mora uma senhora que não se mudou
Eram ruas estreitinhas
Grinaldas e janelinhas
Eram ruas estreitinhas
Grinaldas e janelinhas
À beirinha do telhado
E a tal Rua dos Canos
E a tal Rua dos Canos
Era a Rua dos Enganos
Morava ali o pecado
Quando abria o vinho novo
Esse champanhe do povo
Quando abria o vinho novo
Esse champanhe do povo
Que barulho e alegria
Havia ramos de louro
Havia ramos de louro
A anunciar o tesouro
P'las tascas da Mouraria