Repertório de Rodrigo
Sem ver que os anos consomem
As ilusões lentamente
Desejei infantilmente
Crescer, ter barba e ser homem
Paraíso de ternura
É o mundo da criança
Que brinca com a doce esperança
Que brinca com a doce esperança
Com a bondade e com a ternura;
Sem pensar na desventura
Sem pensar na desventura
Que o homem tem, por ser homem
Neste mudo de desordem
Neste mudo de desordem
De ilusões e desenganos
Brincam dias, brincam anos
Brincam dias, brincam anos
Sem ver que os anos consomem
Consomem a felicidade
Consomem a felicidade
De ser sempre pequenino
Como é o Deus menino
Como é o Deus menino
E dão a rivalidade
A inveja e a maldade
A inveja e a maldade
De ser mais, de ser diferente
E matam constantemente
E matam constantemente
A pureza, a gratidão
E apagam no coração
E apagam no coração
As ilusões lentamente
Como criança que chora
Como criança que chora
Por um estranho brinquedo
Eu quis um dia, sem medo
Eu quis um dia, sem medo
Marchar p'los anos fora
Desgosto que me devora
Desgosto que me devora
E me abate tristemente
Quis ser grande e quis ser gente
Quis ser grande e quis ser gente
Quis dar mimo e dar carinho
E ter um dia um paizinho
E ter um dia um paizinho
Desejei infantilmente
Que o mundo fique parado
Que o mundo fique parado
Que os filhos não cresçam mais
P'ra não haver nunca mais
P'ra não haver nunca mais
Um Jesus crucificado;
Oh meu Deus idolatrado
Oh meu Deus idolatrado
Dá a tua divina ordem
P'ra que um dia se transformem
P'ra que um dia se transformem
Os caprichos do destino
P'ra nunca mais um menino
P'ra nunca mais um menino
Crescer, ter barba e ser homem