Repertório de Maria João Quadros
Sei que o fado só tem voz
Entre gente como nós
Gente vulgar
E que o fado é uma cantiga
Gente vulgar
E que o fado é uma cantiga
Que só abriga
Gente vulgar
Sei que o fado aconteceu
Gente vulgar
Sei que o fado aconteceu
Entre gente como eu
Gente vulgar
E que ele só se demora
Gente vulgar
E que ele só se demora
Nas ruas aonde mora
Gente vulgar
O fado não tem peneiras
Gente vulgar
O fado não tem peneiras
Nem a mania que é chique
Se o trancam nas Amoreiras
Se o trancam nas Amoreiras
Foge p’ra Campo de Ourique
O fado não se governa
O fado não se governa
Com fidalgos e burgueses
Prefere andar na taverna
Prefere andar na taverna
E beber demais, ás vezes
O fado não tem rotina
O fado não tem rotina
Nem hora p’ra recolher
Adormece em cada esquina
Adormece em cada esquina
Nos braços duma mulher
O fado não usa aigrettes
O fado não usa aigrettes
Nem gosta de pôr gravata
E nunca o vi fazer fretes
E nunca o vi fazer fretes
Nem andar com gente chata
O fado não tem vaidade
O fado não tem vaidade
E se o prendem num salão
Ele morre de saudade
Ele morre de saudade
Da Rua do Capelão
O fado nunca socorre
O fado nunca socorre
A quem cantando o maltrata
Pois por um fado que morre
Pois por um fado que morre
Há sempre um fado que mata