-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os legítimos criadores dos temas aqui apresentados.
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
* 7.280' LETRAS <> 3.120.500 VISITAS * MARÇO 2024 *

. . .

O cacilheiro

Ary dos Santos / Paulo de Carvalho
Repertório de Carlos do Carmo

Lá vai no mar da palha o cacilheiro
Comboio de Lisboa sobre a água
Cacilhas e Seixal
Montijo mais Barreiro
Pouco Tejo, pouco Tejo e muita mágoa

Na ponte passam carros e turistas
Iguais a todos que há no mundo inteiro
Mas embora mais caras
A ponte não tem vistas
Como as dos peitoris do cacilheiro

Leva namorados
Marujos, soldados e trabalhadores
E parte dum cais 
Que cheira a jornais, morangos e flores
Regressa contente
Levou muita gente e nunca se cansa
Parece um barquinho 
Lançado no Tejo por uma criança

Num carreirinho aberto pela espuma
Lá vai o cacilheiro, Tejo à solta
E as ruas de Lisboa
Sem ter pressa nenhuma
Tiraram um bilhete de ida e volta

Alfama, Madragoa, Bairro Alto
Tu cá, tu lá num barco de brincar
Metade de Lisboa 
À espera do asfalto
E já meia saudade a navegar

Se um dia o cacilheiro for embora
Fica mais triste o coração da água
E o povo de Lisboa
Dirá, como quem chora
Pouco Tejo, pouco Tejo e muita mágoa