Repertório
de Clara
Numa
tasca escura e fria
Onde
nem entra a saudade
Não
há mar nem maresia
Mesmo
assim, a poesia
Sente-se
ali à vontade
Na
mesa mais recolhida
Está
um poeta sentado
Busca
o mar numa bebida
Onde
ele encontre outra vida
Que
talvez se chame fado
Rabisca
numa toalha
Uns
versos que ela lhe ensina
Cada
verso é uma mortalha
Onde
o poeta agasalha
Os
gritos de uma varina
E
depois, quando eu lhe canto
Os
versos que ele escreveu
Ele
afasta-se no espanto
De
descobrir que o seu pranto
É
tão grande como o meu