José
Saramago / António Vitorino de Almeida
Repertório
de Carlos do Carmo
Se
não tenho outra voz que me desdobre
Em ecos doutros sons este silêncio
É falar, ir falando, até que sobre
A palavra escondida do que penso
É dizê-la, quebrado, entre desvios
De flecha que a si mesma se envenena
Ou mar alto coalhado de navios
Onde o braço afogado nos acena
É forçar para o fundo uma raiz
Quando a pedra cabal corta caminho
É lançar para cima quanto diz
Que mais árvore é o tronco mais sozinho
Ela dirá, palavra descoberta
Os ditos do costume de viver
Esta hora que aperta e desaperta
O não ver, o não ter, o quase ser
Em ecos doutros sons este silêncio
É falar, ir falando, até que sobre
A palavra escondida do que penso
É dizê-la, quebrado, entre desvios
De flecha que a si mesma se envenena
Ou mar alto coalhado de navios
Onde o braço afogado nos acena
É forçar para o fundo uma raiz
Quando a pedra cabal corta caminho
É lançar para cima quanto diz
Que mais árvore é o tronco mais sozinho
Ela dirá, palavra descoberta
Os ditos do costume de viver
Esta hora que aperta e desaperta
O não ver, o não ter, o quase ser