Frederico de Brito / Vasco de Macedo
Repertório de Alberto Ribeiro
Na raia de Espanha, nas sombras da noite
Passava um cigano no seu alazão
O vento brandia seu nórdico açoite
E as folhas rangiam, caídas no chão
E já embrenhado no Alto Alentejo
Nas sombras da noite, tingidas de breu
Nem mais uma praga, nem mais um desejo
Aos ecos distantes o pobre gemeu
Não há maior desengano
Nem vida que dê mais pena
Nem vida que dê mais pena
Do que a vida dum cigano
Atravessar a fronteira
Para ser atravessado
Para ser atravessado
Por uma bala certeira
E tudo porque o destino
Só fez dele um peregrino
Companheiro do luar
Um pobre judeu errante
Companheiro do luar
Um pobre judeu errante
Que não tem pátria nem lar
E o contrabandista temido e valente
Voltava de Espanha no seu alazão
Um tiro certeiro, um braço dormente
E um rasto de sangue marcado no chão