Repertório de António dos Santos
Apenas foram gravadas as estrofes, 1,2,6 e 8
Adeus parceiros das farras
Dos copos e das noitadas
Adeus sombras da cidade;
Adeus langor das guitarras
Canto de esperanças frustradas
Alvorada de saudade
Meu coração como louco
Quer desgarrar-me do peito / Transforma em soluço a voz
Partir é morrer um pouco
A alma de certo jeito / A expirar dentro de nós
Quem parte, semeia vida
Por caminhos sem guarida / Num rosário de cansaços
Sangra na alma uma ferida
De tortura da partida / Que me afasta dos teus braços
A dor é como uma bruma
Que torna o meu canto rouco / Nesta angústia de deixar-te
Sonhos desfeitos em espuma
Partir é morrer um pouco / Triste fado de quem parte
Já solta o barco, as amarras
Lisboa, manda-me um beijo / Deixa este fado por troco
Trinam de luto as guitarras
Singra a saudade p'lo Tejo / Partir é morrer um pouco
Voam mágoas em pedaços
Como aves que se não cansam / Ilusões, esparsas no ar
Partir é estender os braços
Aos sonhos que não se alcançam / Cujo destino é ficar
Já zarpam o navio da barra
Adeus ó branca Lisboa / Adeus oh meu Tejo amigo
Abraço ao peito a guitarra
Deixo este fado e perdoa / Levo a saudade comigo
Deixo a minh'alma no cais
De longe, canso sinais / Feitos de pranto a correr
Quem morre, não sofre mais
Mas quem parte é dôr demais / É bem pior que morrer