Repertório de Fernando Maurício
Óh minha mãe, minha mãe
Óh minha mãe minha amada
Quem tem uma mãe tem tudo
Quem não tem mãe, não tem nada
O ardinita, o João / Levantou-se muito ledo
Porque tinha que estar cedo / À porta da redação
Trincou um naco de pão / Que lhe soube muito bem
Antes de partir, porém / Beija a mãe adormecida
E disse: cá vou à vida
Óh minha mãe, minha mãe
A mãe com todo o carinho / Deitou-lhe a bênção, beijou-o
E depois aconselhou / Sempre muito juizinho
Toma conta no caminho / Não fumes, não jogues nada
Pode ficar descansada / Diz ele, prá iludir
E tornou-se a despedir
Óh minha mãe, minha amada
Cruzou toda a Madragoa / Satisfeito a assobiar
Uma marcha popular / Do Santo João em Lisboa
Nisto pensou; é tão boa / A minha mãe... e contudo
Como a engano, a iludo / E lhe minto, coitadinha
Gramo tanto essa velhinha
Quem tem uma mãe tem tudo
Neste calão repelente / Da gíria da malandragem
Existe um quê de homenagem / Nessa boquita inocente
Marcha pró jornal, contente / Sempre d’alma levantada
E como o calão lhe agrada / Repete, como eu a gramo
Tanto lhe quero, tanto a amo
Quem não tem mãe não não nada