Em tempos que já lá vão
O fadista era gingão
O fadista era gingão
Alcunhado de rufia
De calça estreita e samarra
Chapéu largo e uma guitarra
De calça estreita e samarra
Chapéu largo e uma guitarra
Era alguém na Mouraria
Gostava de ir ao Charquinho
Aonde havia bom vinho
Gostava de ir ao Charquinho
Aonde havia bom vinho
E fresca sardinha assada
Outros mais para lá iam
E todos se divertiam
Outros mais para lá iam
E todos se divertiam
Em fados à desgarrada
Ia ao Ferro d’Engomar
Muitas vezes petiscar
Ia ao Ferro d’Engomar
Muitas vezes petiscar
Ou mesmo ao Senhor Roubado
E sempre de farra em farra
Entre mãos uma guitarra
E sempre de farra em farra
Entre mãos uma guitarra
O corrido era seu fado
Agora tudo mudou
A Mouraria passou
Agora tudo mudou
A Mouraria passou
Para a tela dos artistas
No seu lugar uma praça
Por onde o fado não passa
No seu lugar uma praça
Por onde o fado não passa
Nem já lá param fadistas
Agora não há gingões
Quem canta, canta canções
Agora não há gingões
Quem canta, canta canções
Direito, bem aprumado
E a alcunha do fadista
Passou a ser a de artista
E a alcunha do fadista
Passou a ser a de artista
Que ao swing, chama fado
Um apelo, agora, faço
Vai com ele o meu abraço
Vai com ele o meu abraço
Para o fado que cobiço
Que os novos que o palco tem
Passem a cantar, também
Que os novos que o palco tem
Passem a cantar, também
O nosso fado castiço