Repertório de Jorge Fernando
Não conduz a nenhum lado
Deixar-nos ir abaixo
Por qualquer coisinha
Tenho o meu lugar guardado
Fica lá tu na tua
Fica lá tu na tua
Que eu fico na minha
Levanta o astral e foge
Das ondas que te afundam
Nessa escuridão
Não percas o teu dia
Porque o dia de hoje
Já não volta a passar
Já não volta a passar
Pela tua estação
Olha que a lua acontece
Crescente, cheia, nova
Ou a minguar
E o redondo que daqui
Se lhe conhece
Escurece e então deixa
Escurece e então deixa
De se arredondar
Quando a tempestade cai
Há sempre um telhado
P'ra nos recolher
Quando o bom humor se vai
Sai dessa que há saída
Quando o bom humor se vai
Sai dessa que há saída
P'ró que acontecer
Se o vento sopra de frente
Dá costas e não cuides
Se o vento sopra de frente
Dá costas e não cuides
Ter de o enfrentar
Porque muito embora
Por mais que se tente
O querer ir p'rá frente
O querer ir p'rá frente
Faz-nos recuar
Portanto não vale a pena
Gastar o nosso tempo
Em coisas pequeninas
Se em nós a alma se quiser
Tornar pequena
Há que dar-lhe o tamanho
Das coisas divinas
A tantas palavras loucas
Faço as orelhas moucas
Andam roucas tantas bocas
De dizer só mal dizer;
Nem tudo o que luz é ouro
Cautela, que o teu tesouro
Apenas é duradouro se não se perder
Quando a esmola é muita, o pobre
Faço as orelhas moucas
Andam roucas tantas bocas
De dizer só mal dizer;
Nem tudo o que luz é ouro
Cautela, que o teu tesouro
Apenas é duradouro se não se perder
Quando a esmola é muita, o pobre
Olha desconfiado
No estender da mão
Há qualquer coisa de nobre
Há qualquer coisa de nobre
Que assiste ao pobre
Pobre na interrogação
Mas se a gente desconhece
O mistério das teias
Pobre na interrogação
Mas se a gente desconhece
O mistério das teias
Que o universo tem
E no abrir da mão
E no abrir da mão
Que às vezes transparece
Que às vezes somos tudo
Que às vezes somos tudo
E noutras ninguém
Portanto não vale a pena
Gastar o nosso tempo
Portanto não vale a pena
Gastar o nosso tempo
Em coisas pequeninas
Se em nós a alma
Se em nós a alma
Se quiser tornar pequena
Há que dar-lhe o tamanho
Das coisas divinas