Sobre Lisboa, meu amor, vou-te contar
A tradição que se perdeu desta cidade
Os seus pregões já não se ouvem no ar
Da sua história ficou apenas saudade
Que é do teu fado vadio, pelas tabernas
Que é dos marujos, outrora navegadores
Que é dos fadistas, dos rufias de melenas
E das fragatas, dos arrais, dos pescadores
Mas mesmo assim és um poema que eu invejo
És a gaivota que ainda põe voz na RibeiraÉs um poeta que se inspira no rio Tejo
Tu és princesa e das cidades a primeira
Da velha Bica, só resta a escadaria
No Bairro Alto já não se cantam as trovas
E há missangas a vender, na Mouraia
Na Madragoa, em vez de fado, há bossa-nova
Os teus mercados tão velhinhos das peixeiras
Foram trocados por centros comerciais
Do casario baixinho e rude, hoje há Taveiras
E carroças a gizalhar, já não há mais