A pedir esmola na rua
Perguntei-lhe: tens que idade ?
Ela disse: tenho a tua !
Quando a mão esquerda crescia / À caridade de alguém
Se algum dos olhos sorria / O outro dizia ámen
Erguia ao céu os dois braços / Pedindo uma esmola a Deus
E apressava os seus passos / Para chegar depressa aos meus
Mas deixou-me ao Deus-dará / Como um velho que descobre
Naquela esmola que dá / Uma razão para ser pobre
Eu percorri a cidade / Na ânsia de me ir embora
Que quem dá esmola à saudade / Nunca mais sabe onde mora
Vivo agora pelas ruas / Mais secretas, mais sozinhas
A pedir saudades tuas /A quem tem saudades minhas