Repertório de Cristina Branco
Mandei rasgar mil janelas na alma
Para poder ver o mar de noite e dia;
Mas andam sempre fechadas
Porque os olhos me cegavam
De cada vez que as abria
De luto pelos meus olhos
Também elas andam cegas
E eram feitas p’ra olhar
Trago agora mil janelas
Inutilmente rasgadas na alma
Trago agora mil janelas
Inutilmente rasgadas na alma
E não vejo o mar
Abertas, cega-me a luz
Abertas, cega-me a luz
Fechadas, falta-me o ar
De que servem mil janelas
De que servem mil janelas
Se não posso respirar
De que servem mil janelas
De que servem mil janelas
Se não posso ver o mar
Há-de haver uma janela
Há-de haver uma janela
Que eu possa abrir sem cegar