António
Tavares Teles / Luís Pedro Fonseca
Repertório
de Rodrigo
Não
são os filhos a crescer
Isso até gosto
Nem a
mulher a envelhecer
Ela é porreira
Não
são as rugas no rosto
Que nem desgosto
Nem
sequer a barba branca
Já quase inteira
Não é
esta casa antiga
Aonde moro
Neste
bairro outrora aldeia
Hoje cidade
Nem o
retrato dos velhos
Nesta moldura
Que
me lembram
Os meus quarenta anos de idade
Quarenta anos
Para mim, cantor de fado
É mais um disco meu
Hoje gravado
Que agora escuto só
Aqui, sem companhia
É mais um ano que hoje morre
Todos os anos esta morte ocorre
Todos os anos faço anos neste dia
São
doze filhos criados
São doze fados
São
quarenta anos de vida
Em um só ano
É o
fim de mais um ano
É mais um fado
Que
hoje escrevo aqui
Neste piano
Quarenta anos, para mim
Cantor de fado
É mais um fado meu
Hoje criado
Que agora canto só, aqui
Sem companhia
É mais um ano, é janeiro
De doze fados é o primeiro
Todos os anos faço um fado neste dia