Nuno Gomes dos Santos / Nuno Nazareth Fernandes
Repertório de Luísa Basto
Rimar não há-de ser, forçosamente
A mais valia dentro da canção
Mas se uma rima se transforma em gente
Com alma, com ternura e coração;
A poesia é a música contente
Que nunca rima amor com solidão
Rimar não é forçoso, mas se um dia
Houver uma mulher de corpo inteiro
Que com seu homem escreva a melodia
Do amor fecundo, do amor primeiro;
A rima não transforma a poesia
Nem há-de um verso ser seu prisioneiro
E digo:
Meu poeta meu amigo
Minha rima do amor de estar contigo
Rimar pode não ser o mais correto
Se a procura da rima for forçada
Mas se um verso vier lesto e discreto
Sentar-se de uma forma ajustada;
Ao pé de mim, debaixo do meu teto
E me acordar rimando a madrugada
Rimar pode ser mais uma prisão
Onde a palavra se sente enclausurada
Mas se a rima cantar uma canção
Louvando a palavra libertada;
Ninguém dirá dos versos que não são
A rima da canção mais desejada