Repertório de Gabino Ferreira
Quem passar a hora morta
P’la Rua da Amendoeira
Repare bem numa porta
Repare bem numa porta
Com dois degraus de soleira
P’lo postigo ou através
P’lo postigo ou através
Da janela em gilhotina
Vê-se uma cruz e a seus pés
Vê-se uma cruz e a seus pés
A luz duma lamparina
À mesma altura
Simples, discreto
Um xaile preto
Com franjas velhas;
Um retrato sem moldura
E uma lira sem cravelhas;
A casa é tão pequenina
Que não falta quem não deite
Mais uma gota de azeite
No copo da lamparina
Diz a lenda e toda agente
À mesma altura
Simples, discreto
Um xaile preto
Com franjas velhas;
Um retrato sem moldura
E uma lira sem cravelhas;
A casa é tão pequenina
Que não falta quem não deite
Mais uma gota de azeite
No copo da lamparina
Diz a lenda e toda agente
Que a guitarra, certo dia
Fez um fidalgo valente
Fez um fidalgo valente
Ajoelhar na Mouraria
E o retrato que em verdade
E o retrato que em verdade
Ninguém sabe de quem é
Não é mais do que a saudade
Não é mais do que a saudade
Que se sente e não se vê