Repertório de Carlos do Carmo
Zé do bote, Zé do bote
Tu que conheces o rio
Na calma e no desvario
Como as tuas próprias mãos
Diz-me lá, ó Zé do bote
Quantas ondas tem a sorte
Quantas dores tem um pão
Quantos sustos tem a morte
Ó Zé do bote
No trabalho pedes meças
Desde migalho de gente
Desde migalho de gente
Se o pão é duro e salgado
Não encalhes o teu bote
Não encalhes o teu bote
No areal das promessas
Pois, Zé do bote
Pois, Zé do bote
Quem o teu rio não sente
Não pode estar do teu lado;
Não pode estar do teu lado;
Puxa as redes com cuidado
Zé do bote, Zé do bote
Não aprendeste nos livros
A manejar as palavras
Dos que te vendem o peixe
E o sangue quente e vivo
Mas sabes do rio que lavras
Na quilha do teu arado
Teu corpo útil não deixes
Ser na lota arrematado
Zé do bote, Zé do bote
Não aprendeste nos livros
A manejar as palavras
Dos que te vendem o peixe
E o sangue quente e vivo
Mas sabes do rio que lavras
Na quilha do teu arado
Teu corpo útil não deixes
Ser na lota arrematado