Repertório de Argentina Santos
Senhor Juiz... o meu filho
Não me bateu nem roubou
Como alguém já disse aqui
Tropecei num empecilho
E ele até me levantou
No momento em que caí
Não tem profissão marcada
Mas na sua triste rota
Mal ou bem lá se governa
E nunca me exigiu nada
Para perder na batota
Ou p’ra gastar na taberna
É mentira o que se diz
Este arranhão sem valor
A marcar o meu desgosto
Não chega a ser cicatriz
É uma ruga maior
Entre as rugas do meu rosto
Senhor Juiz... eu sou mãe
E juro que o meu menino
Não me roubou nem bateu
O cadastro que ele tem
Traduz o negro destino
Da sorte que deus lhe deu
Neste conto se adivinha
Mercê de frases tão frias
O destino dum ladrão
E o drama de uma velhinha
Que passa todos os dias
A caminho da prisão