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QUE ME DIZEM?
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Retrato dum alfacinha sub-urbano

José Niza / Popular *fado corrido*
Repertório de Carlos Zel

Olha lá, ó alfacinha 
Dos centros comerciais
Dos hamburguers, da roupinha 
E de outras coisas fatais

Não conheces o país 
Nunca foste a Portugal
Nem mergulhaste o nariz 
Nas praias do Litoral

E nunca ouviste o silêncio 
Nos confins do Alentejo
Nem saíste de Lisboa 
Nem sabes onde é o Tejo

Nem viveste uma matança 
Numa aldeia branca, remota
De um porco de confiança
 Só engordado a bolota

Compras o que não precisas 
Com dinheiro que não tens
Mas já tens o telefone 
Que a televisão te vendeu

Ás missa tu dizes não 
E ninguém te beatifica
Ou ruges como um leão 
Ou rezas pelo Benfica

Também vais á discoteca 
Com esse teu ar parolo
Peruca sobre a careca 
Fazer figura de tolo

Trabalhas que nem um cão 
E ainda por cima, és mal pago
Tu só vês televisão 
Vendes a alma ao diabo

Deves ir ao oculista 
P’ra te pôr lentes melhores
A ver se vês Portugal 
E todos os seus primores

Queres um conselho d’amigo 
De experiência bem vivida?
Deixa o joio, guarda o trigo 
Começa a viver a vida