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QUE ME DIZEM?
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Um homem na cidade

Ary dos Santos / José Luís Tinoco
Repertório de Carlos do Carmo

Agarro a madrugada 
Como se fosse uma criança
Uma roseira entrelaçada 
Uma videira de esperança
Tal qual o corpo da cidade 
Que manhã cedo ensaia a dança
De quem por força da vontade 
De trabalhar nunca se cansa

Vou pela rua dessa lua
Que no meu Tejo acende o cio
Vou por Lisboa, maré nua
Que desagua no Rossio

Eu sou o homem na cidade 
Que manhã cedo acorda e canta
E por amar a liberdade 
Com a cidade se levanta
Vou pela estrada deslumbrada 
Da lua cheia de Lisboa
Até que a lua apaixonada 
Cresça na vela da canoa

Sou a gaivota que derrota
Todo o mau tempo no mar alto
Eu sou o homem que transporta
A maré povo em sobressalto

E quando agarro a madrugada 
Colho a manhã como uma flor
Á beira mágoa desfolhada 
Um malmequer azul na cor
O malmequer da liberdade 
Que bem me quer como ninguém
O malmequer desta cidade 
Que me quer bem, que me quer bem

Nas minhas mãos, a madrugada
Abriu a flor de Abril também
A flor sem medo, perfumada
Com o aroma que o mar tem;
Flor de Lisboa tão amada
Que mal me quis, que me quer bem