Ó Lisboa, sem favor
Como as tuas carvoeiras são bonitas
Por dentro tão brancas, por fora tão negras
As asas são ancas, num ritmo brando
Porque elas não pisam, deslizam voando
Venham ver as carvoeiras
Venham ver os olhos delas
Que maneiras têm de olhar
Ai venham ver
Dois carvões numa braseira
Que puseram à janela
Para o vento os atear
Muito à larga o coração
Tão bonitas são de ver
As varinas na descarga do carvão
Gigas baloiçando têm semelhanças
Com barcos vogando nas ondas das tranças
Travessas, gaiatas, correndo, voando
Os seios são ondas redondas arpando