Eu não tenho outra mesa onde possa atendê-los
São dois velhos jarretas que se julgam rapazes
Mas são fragueses bons e não convem perdê-los
Lançando todavia o seu cansado olhar
P'la turba jovial, dinãmica e secreta
Que enchia de alvoroço o elegente bar
E logo aquela mesa acolheu sem entraves
Álem de bom champagne e taças de cristal
Duas mulheres gentis e dois sujeitos graves
Dispostos ao clamor de louca saturnal
Entretanto na rua entregue aos próprios passos
Aninhas recordava o seu esplandor perdido
A alegria no rosto, as pulseiras nos braços
A casa mobilada e o camarim florido
Lembrou que fôra outrora a corista afamada
Que acendeu o clarão de tantas paixões cegas
E que hoje velha e triste, era enfim convidada
A ceder sua mesa às modernas colegas
E por elas maldisse a ingrata profissão
Que as leva inglóriamente ao destino mais reles
Queimando a mocidade atrás duma ilusão
Mais breve do que o fulgor dum casaco de peles
Aninhas... eras nova não pensaste
À luxuria te entregaste sem prever os resultados
Não viste de que lado estava o mal
Levaste a vida em carnaval e terminaste em finados