Repertório de Hélder Moutinho
Quando
o relógio do meu peito, este poeta
Se desalinha, cai no chão e acorda a voz
A alma surge além de mim em voz aberta
Como no dia em que perdi o amor do meu amor
Nesse tempo a vida fez por me ajudar
Foi reescrevendo a noite e o dia nos meus passos
Hoje nos braços trago o mundo em teu lugar
E o mundo inteiro é peso a mais para os meus braços
Não é que os dias se desenhem, mal ou bem
Lá vão passando devagar, devagarinho
É cá por dentro este silêncio que mantém
O sol poente pelas pedras, as pedras do caminho
Mas eu renego uma outra vida, tendo esta
O porto amigo de quem vive sem desejos
A alma triste é o diário que me resta
E ainda desfolho alguns poemas dos teus beijos