Letra
e música de Frederico de Brito
Repertório
de Carlos Ramos
Perguntam-me
p’lo fado, eu conheci-o
Era
um ébrio, era um vadio
Que
andava na Mouraria
Talvez
ainda mais magro que um cão galgo
E
a dizer que era fidalgo
Por
andar co'a fidalguia
O
pai era um enjeitado
Que
até andou embarcado
Nas
caravelas do Gama
Um
mal andrajado e sujo
Mais
gingão do que um marujo
Dos
velhos becos d’Alfama
Pois eu...
Sei bem onde ele
nasceu
Que não passou dum plebeu
Sempre a puxar p’ra vaidade
Sei mais...
Sei que o fado
é um dos tais
Que não conheceu os pais
Nem tem certidão de idade
Perguntam-me
por ele, eu conheci-o
Num
perfeito desvario
Sempre
amigo da balbúrdia
Entrava
na Moirama a horas mortas
E
a abrir as meias portas
Era
o rei daquela estúrdia
Foi
às esperas de gado
Foi
cavaleiro afamado
Era
o delírio no entrudo
Naquela
vida agitada
Ele
que veio do nada
Não sendo nada era tudo