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As 7.580 letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os criadores dos temas aqui apresentados.
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Tenho vindo a publicar letras (de autores que já partiram) sem indicação de intérpretes ou compositores na esperança de obter informações detalhadas sobre os temas.
<> 7.580 LETRAS <> 3.606.000 VISITAS <> NOVEMBRO 2024 <>
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Maria da Cruz

Amadeu do Vale / Frederico Valério 
Repertório de Amália 
Criação de Amália na revista *Essa é que é essa* 
Teatro Maria Vitória 1945
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia 
Livro *Poetas Populares do Fado-Canção*
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Chamava-se ela Maria
De sobrenome da Cruz 
E na aldeia onde viva
Sorria, vivia, na paz de Jesus 

Tinha um amor a quem ela 
Seu coração entregara 
Junto ao altar da capela singela
Onde ela paixão lhe jurara 

Mas certo dia
Veio a saber-se na aldeia 
Que o seu pastor lhe mentia 
Que esse amor se lhe extinguia 
Como a luz duma candeia 

Desiludida no seu amor, a Maria 
Deixou o lar, e perdida
Veio cair desfalecida 
Num portal da Mouraria 

Sofreu a dor da amargura
Perdeu o viço e a cor 
E não voltou a ventura, ternura
A doçura do amor do pastor 

E hoje por cruz, a Maria 
Que é da Cruz por seu fadário 
Arrasta na Mouraria 
A cruz da agonia
A cruz do calvário 

Ainda canta 
Uma canção quase morta 
Mas um estrutor na garganta
Oiço já, quando ela canta 
Ao passar à sua porta 

Não tarda o dia 
Em que ela enfim, já vencida 
Terminará a agonia 
De arrastar na Mouraria 
Toda a cruz da sua vida

Se há forma poética para descrever as circunstâncias mais frequentes para a queda de uma mulher na prostituição, nos fins do séc. XIX e princípios 
do séc. XX em Lisboa, este fado é uma das mais conseguidas: a rapariga da província apanhada na situação de mãe solteira, escorraçada ou 
auto-escorraçada da sua aldeia pela vergonha, vem para a capital, na busca do anonimato e de uma forma de vida longe do seu ambiente original. 
A dificuldade em arranjar trabalho e alojamento, a fome do filho e a sua própria fazem o resto.
Data desta revista a parceria que Frederico Valério estabeleceu com vários letristas, tendo por destino a voz de Amália Rodrigues, donde viriam a brotar 
tantos êxitos e uma certa renovação nos procedimentos musicais do fado-canção.