Repertório de Fernando Jorge Amaral
Eu não chorei ao nascer
Dei um grito, foi de espanto
Como estivesse a prever
Que me ia acontecer
Toda uma vida de pranto
Culpa dum choro salgado
Por, na vida, ter andado / Só de desgosto em desgosto
Mas as minhas poesias
Cantavam, só, elegias / Choravam em cada verso
E os poemas se alagavam
Por verem que me cercavam / Analfabetos de amor
Eu estou vivo, podem crer
Mas já não choro-a-valer / Porque sequei o meu pranto