Vicente da Camara / Branco Rodrigues
Repertório de Vicente de Câmara
Olha como roda a roda da velha azenha
Olha como volta e anda sempre a voltear
Lá vão com ela rodando sem mais parar
Os pensamentos que no seu girar apanha
À sua porta sentada lá está fiando
A moleirinha que o seu fuso faz girar
E com o fuso também faz rodopiar
Os belos sonhos que ela tem vindo sonhando
À sua volta tudo roda e rodopia
Até a brisa suas tranças despenteia
E entre as mós os belos sonhos porque anseia
Saem desfeitos como o grão se desfaria
Mas oh moleira, uma estrada sem abrolhos
É como azenha que não tenha movimento
É pois chegado esse natural momento
De abrires p'rá vida teus belos e longos olhos