Vasco Lima Couto / António Chaínho
Repertório de Rodrigo
O fado antigamente era o recado
Das vielas sangrentas de Lisboa;
E o protesto do amor desanimado
Conto livre dos olhos sem passado
Em mil versos que o tempo não perdoa
Nas tavernas do rio, em noite suja
Onde as praias da voz não se encontravam
As guitarras falavam da cidade
Nos versos desse vinho, onde a saudade
Cantava a maldição dos que choravam
Depois, amordaçado, foi o cais
A adormecer os ricos deste mar
Que pagavam o fado com o seu nome
E fingiam não ver a cor da fome
Em gerações sem tempo e sem lugar
Mas foram os poemas desse longe
Que ultrapassei porque hoje me renovo
O tempo aberto e livre da canção
Do meu país, chegado ao coração
Que eu entrego feliz à voz do povo