Linhares Barbosa / Alberto Costa
Repertório de Natália dos Anjos
Desminto uma lenda antiga
Muito velhinha e bizarra
Que conta que uma formiga
P'lo trabalho e p'la fadiga
É diferente da cigarra
Eu sou cigarra e formiga / Pois vivo desta maneira
Sou modesta rapariga
De noite boto cantiga / De dia sou vendedeira
Não faço aquela algazarra / Duma cigarra no prado
Canto ao som duma guitarra
De dia ninguém me agarra / Em qualquer sítio de fado
Como o trabalho me anima / E me dá pão e me alegra
E a freguesia me estima
Não canto nem uma rima / Quando sou formiga negra
Sou cigarra e sou formiga / E a tudo isto eu acho graça
Nem consinto que se diga
Mal de qualquer rapariga / Que ganha a vida na praça