Repertório de Natália dos Anjos
Desminto uma lenda antiga
Muito velhinha e bizarra
Que conta que uma formiga
P'lo trabalho e p'la fadiga
É diferente da cigarra
Eu sou cigarra e formiga
Pois vivo desta maneira
Sou modesta rapariga
De noite boto cantiga
Sou modesta rapariga
De noite boto cantiga
De dia sou vendedeira
Não faço aquela algazarra
Não faço aquela algazarra
Duma cigarra no prado
Canto ao som duma guitarra
De dia ninguém me agarra
Canto ao som duma guitarra
De dia ninguém me agarra
Em qualquer sítio de fado
Como o trabalho me anima
Como o trabalho me anima
E me dá pão e me alegra
E a freguesia me estima
Não canto nem uma rima
E a freguesia me estima
Não canto nem uma rima
Quando sou formiga negra
Sou cigarra e sou formiga
Sou cigarra e sou formiga
E a tudo isto eu acho graça
Nem consinto que se diga
Mal de qualquer rapariga
Nem consinto que se diga
Mal de qualquer rapariga
Que ganha a vida na praça