Vasco de Lima Couto / António Chaínho
Repertório de Vasco Rafael
Os namorados não têm fome
Porque se encantam de entendimento
Bastam-lhe os olhos que cegam ruas
Bastam-lhe as mãos como alimento
Passam contentes, de peito aberto
Por entre os rios da solidão
Bebendo frases iguais ao nada
Na melhor mesa do coração
Ás vezes param, como se o mundo
Nascesse ali, àquela hora
E não houvesse mais primavera
Que a primavera que neles mora
Vão de mãos dadas pelo silêncio
Rimando o sonho que não tem nome
São o princípio do fim de tudo
São namorados, não têm fome
Só cantam aves que sonham longe
Só cantam barcos que sonham perto
Compram a esperança duma viagem
Vendem a imagem dum céu aberto