Repertório de Alzira Afonso
Há fados que a gente canta
Que não saem da garganta
Mas do mais fundo de nós
Palavras que são verdade
Como um sopro de saudade
Dum grito que não tem voz
Há fados como um abraço
Com duas mãos de cansaço
Que se abrem à ternura
São estrelas que lançamos
Quando sozinhos erramos
Por dentro da noite escura
Há fados que a gente sente
E se tornam de repente
Num fado igual a nenhum
São regresso e despedida
Que são pedaços de vida
Do fado de cada um
Há fados na noite calma
Que nos sossegam a alma
E que cantamos a esmo
São sonhos que nos sustentam
E que aos poucos alimentam
Este fado de nós mesmo