João Gigante Ferreira / Tino Flores
Repertório de Helena Sarmento
São de fome e de marfim
Estes olhos moribundos
Uma terra e tantos mundos
No mundo que existe em mim
Deitados no pó da morte / Sem ter Deus por companhia
Sempre noite em pleno dia / Este-oeste, sul ou norte
É da guerra que te canto / E da fome que há no mundo
É deste sofrer profundo / Que do mártir faz um santo
Santo inútil e gelado / As botas marchando a par
Eco de armas de matar / Com sangue, escrevendo fado
Se canto do coração / Um sofrer habituado
Dizem que é pequeno o fado / O fado do coração
Eu também existo em mim / Se morro também sou eu
E a morte é sempre um breu / Sem asas de Serafim
Que cante um fado de guerra / Que cante o do coração
É sempre de intervenção / Se a voz me sabe a terra